O Futuro do Leite no Brasil Passa pelo PMLS + Inovação: Como Não Ficar para Trás
O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, mas ainda enfrenta desafios significativos em produtividade, qualidade e sustentabilidade. Em um cenário de transformação digital e mudanças regulatórias, o setor leiteiro precisa mais do que nunca de ferramentas estratégicas para crescer com inteligência e resiliência. Uma dessas ferramentas é o Programa Mais Leite Saudável (PMLS), iniciativa do Governo Federal que oferece incentivos fiscais para que a indústria invista diretamente na base da cadeia: o produtor rural.
Com a chegada da Reforma Tributária, a permanência desse tipo de incentivo entra em debate, acendendo um alerta importante para empresas, cooperativas e produtores. Como garantir que o avanço conquistado até aqui não seja perdido? Como combinar tecnologia, assistência técnica e política pública de forma eficaz? Neste artigo, exploramos as respostas e caminhos possíveis, incluindo exemplos concretos de quem já está transformando o setor, como a Cia do Leite.
O que é o Programa Mais Leite Saudável (PMLS)
Criado em 2015 pelo Ministério da Agricultura, o PMLS permite que empresas beneficiadoras de leite, como laticínios e cooperativas, obtenham créditos presumidos de PIS/PASEP e COFINS ao investirem em ações de assistência técnica e gerencial, capacitação de produtores e melhoria da qualidade do leite cru.
Esses investimentos vão diretamente para a base da cadeia, impactando pequenos e médios produtores em regiões estratégicas para o abastecimento nacional. O programa atua como um elo entre a indústria e o campo, promovendo uma lógica de parceria e desenvolvimento sustentável. Ao invés de esperar por subsídios diretos do Estado, o produtor recebe suporte técnico pago pela indústria — que, por sua vez, é incentivada fiscalmente por esse apoio.
Desde sua criação, o PMLS já beneficiou mais de 80 mil produtores em todo o Brasil, promovendo melhorias concretas na qualidade do leite, na rentabilidade das propriedades e na adoção de tecnologias inovadoras no campo.
Cia do Leite: um exemplo de ATeG eficiente e integrada
A Cia do Leite, empresa com atuação estratégica presente em 18 Estados do Brasil, é um exemplo inspirador de como o setor privado pode utilizar o PMLS de forma eficiente. Por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), a empresa acompanha mensalmente mais de 2000 produtores com foco em indicadores como:
- Qualidade físico-química e microbiológica do leite;
- Eficiência da ordenha;
- Nutrição e manejo do rebanho;
- Controle sanitário e reprodutivo;
- Gestão econômica da propriedade.
Mais do que visitas técnicas, o acompanhamento da Cia do Leite é orientado por dados e metas, com relatórios de desempenho, planos de ação individualizados e capacitações regulares. Isso garante não apenas a conformidade com os requisitos do PMLS, mas transformações reais nas propriedades atendidas.
Os resultados falam por si: produtores assistidos pela empresa têm apresentado redução da contagem de células somáticas (CCS), aumento na produção por vaca e maior valorização no pagamento por qualidade junto à indústria.
O papel da tecnologia: do pulsógrafo ao MilkSat
Outro diferencial da atuação da Cia do Leite é a adoção de tecnologias específicas para diagnóstico e melhoria da eficiência da ordenha, etapa fundamental para garantir a qualidade do leite.
Entre os equipamentos utilizados, destacam-se:
- Pulsógrafo de Ordenha MilkSat:usado para verificar a frequência e a simetria dos pulsos nos equipamentos de ordenha, essencial para evitar desconforto animal, mastite e queda na produção. O diagnóstico correto contribui para a saúde da glândula mamária e para a durabilidade dos equipamentos.
A integração desses dispositivos com a atuação técnica permite um monitoramento mais preciso, preventivo e orientado por dados, o que amplia significativamente a capacidade de tomada de decisão tanto do técnico quanto do produtor.
Inovação Digital: o futuro já começou
Além da assistência presencial, o futuro da ATeG no leite passa pela transformação digital. Plataformas integradas, sensores conectados, dashboards em tempo real e inteligência artificial (IA) já são realidade em muitas propriedades brasileiras.
Imagine um sistema que integra dados de CCS, produção, pulsação da ordenha e vacinas aplicadas, cruzando essas informações com alertas sobre clima, alimentação e mercado. Isso já está em curso em diversos projetos-piloto do setor, e pode ser impulsionado com recursos do PMLS.
Empresas como a Evomilk, por exemplo, oferecem plataformas completas para gestão da cadeia do leite, com aplicativos para técnicos, transportadores e produtores, além de painéis web para a indústria acompanhar a evolução da qualidade e do desempenho de suas bacias leiteiras.
O uso combinado de assistência técnica estruturada + inovação tecnológica é o caminho mais seguro para um setor mais competitivo, sustentável e rentável.
Reforma Tributária: o que muda para o PMLS?
Com a aprovação da Reforma Tributária (EC nº 132/2023), o Brasil prepara-se para substituir tributos como PIS, COFINS e IPI pelos novos IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Isso afeta diretamente o PMLS, que hoje depende do crédito presumido de PIS/COFINS como incentivo fiscal.
Com a migração para o novo sistema, a continuidade do programa está ameaçada, a menos que haja previsão legal específica para esse tipo de incentivo. Ainda não está claro se o novo modelo tributário incluirá mecanismos similares para permitir que indústrias continuem investindo em assistência técnica com contrapartida fiscal.
Por isso, o momento exige articulação de entidades do setor, laticínios, cooperativas e empresas como a Cia do Leite para preservar os avanços conquistados e garantir que a assistência técnica continue sendo tratada como política pública essencial para o campo.
Como não ficar para trás
Diante desse cenário, é fundamental agir com visão estratégica:
- Mobilização institucional: cooperativas, sindicatos e empresas precisam pressionar por leis complementares que garantam a permanência do incentivo no novo regime tributário.
- Evidências e dados: coletar, documentar e divulgar os impactos do PMLS na vida dos produtores é fundamental para demonstrar sua importância.
- Inovação com propósito: investir em tecnologias que ampliem a escala e eficiência da assistência técnica.
- Integração real com o produtor: garantir que o produtor entenda e participe ativamente dos processos, empoderando-o com conhecimento e dados.
Conclusão
O PMLS representa um modelo de política pública eficiente e inovador, que fortalece a base da produção de leite no Brasil com foco em qualidade, sustentabilidade e desenvolvimento regional. Iniciativas como a da Cia do Leite, que unem assistência técnica de alto nível com tecnologias de ponta como, sistemas integrados, pulsógrafos, vacuômetros e sensores inteligentes, mostram que é possível transformar a pecuária leiteira sem esperar por milagres.
A reforma tributária representa uma ameaça — mas também uma oportunidade de reconstruir o programa com ainda mais foco em impacto, eficiência e inovação. O futuro do leite brasileiro pode (e deve) ser construído com dados, técnica, cooperação e visão.